sábado, 6 de dezembro de 2025

Aumento no número de cirurgias de Fimose acende alerta de especialistas


Nos últimos dez anos, as internações cirúrgicas por problemas relacionados à fimose em adolescentes cresceram mais de 80% no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a partir de dados dos SUS.

Esse aumento acendeu um alerta entre urologistas, que veem na tendência um sinal de que o diagnóstico pode estar acontecendo tarde demais, quando a cirurgia é mais dolorosa, a recuperação é mais lenta e as complicações são mais frequentes.

A fimose é caracterizada pelo excesso de pele que recobre a cabeça do pênis e dificulta a retração do prepúcio. Ela é bastante comum nos primeiros anos de vida, inclusive recebe o nome de “fimose fisiológica”, e costuma se resolver espontaneamente até os 3 anos. O problema surge quando o prepúcio (essa pele que recobre a glande) não consegue ser retraído. Isso dificulta a higiene, favorece infecções e, mais tarde, pode causar constrangimento e dor durante as ereções.

Quando não há uma resolução natural do quadro até os 7 anos de idade, é possível tratar com pomadas de corticoide. “Após esse período, se o problema persistir, a cirurgia é recomendada e é sempre melhor operar na primeira infância do que na adolescência”, explica o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, do Einstein Hospital Israelita.

A investigação da SBU com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS mostra que as internações por fimose, parafimose e prepúcio redundante na faixa de 10 a 19 anos saltaram de 10.677, em 2015, para 19.387, em 2024.

Isso pode ser explicado por múltiplas causas: falhas no diagnóstico precoce, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e um afastamento típico dos meninos do consultório médico depois que deixam o pediatra, especialmente nos primeiros anos da puberdade. 

Além do desconforto físico, a fimose não tratada eleva o risco de infecções urinárias, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e até câncer de pênis. “Na adolescência, o pênis é maior, a pele já tem mais fibrose e pode sangrar mais. O menino tem mais ereções devido à testosterona, e a recuperação tende a ser mais desconfortável e demorada”, adverte Zylbersztejn, que é diretor do departamento de Urologia do Adolescente da SBU.

“Pela masturbação e pela iniciação sexual, muitos acabam precisando do procedimento nessa fase”, afirma o médico.

O procedimento pode ser feito em qualquer idade. “As principais complicações são sangramento e hematoma. Infecção é muito rara, e a maioria dos meninos se recupera bem com cuidados simples”, assegura o urologista.


Nenhum comentário: