quinta-feira, 10 de julho de 2025

Bolsonaristas admitem desgaste com tarifa de Trump, buscam blindar ex-presidente e culpam Lula


Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitem, reservadamente, que há desgaste político para ele e para o grupo político com o aumento da sobretaxa para 50% sobre produtos importados do Brasil imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (9).

A decisão de Trump faz parte de uma ofensiva para defender Bolsonaro, e a carta do americano cita o ex-presidente diretamente.

Há uma avaliação entre os aliados de Bolsonaro de que, por ora, o governo Lula (PT) tem conseguindo emplacar o discurso de que o ato fere a soberania do país. Embora haja incerteza em torno das consequências econômicas e políticas da decisão de Trump, bolsonaristas já buscam blindar o ex-presidente da crise.

O próprio Bolsonaro não comentou diretamente o aumento da tarifa contra o Brasil. Em publicação nas redes sociais, ignorou o tema e repetiu argumento de que é perseguido pela Justiça brasileira —algo amplificado por Trump. Depois, escreveu um provérbio.

“Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme”, publicou em rede social. O ex-presidente está recluso em casa, recuperando-se de uma esofagite.

Ainda na quarta, a esquerda classificou os bolsonaristas de “vira-latas”, falou em ataque à soberania nacional e fez um apelo pelo nacionalismo —temas caros à direita. De acordo com integrantes do PL, partido do ex-presidente, o bolsonarismo ainda buscava uma forma de contornar a narrativa do governo nas horas após o anúncio de Trump.

Entrou em curso uma ofensiva para dizer que a tarifa de 50% aplicada por Trump é culpa de Lula, não de Bolsonaro ou mesmo do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que trabalha junto a autoridades dos Estados Unidos por sanções a ministros do STF. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adotou linha parecida.

Mas bolsonaristas tomaram o cuidado de não expor comemorações com a medida, e inclusive lamentá-la —ainda que enxerguem como uma vitória o que apontam como alinhamento de Trump ao que eles têm defendido na esfera internacional.


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