segunda-feira, 1 de julho de 2024

Bahia tem 20 facções que disputam o tráfico de drogas e levam medo à população



Com Informações do Jornal Correio*

Na década de 90, o maior comércio de drogas que se tinha conhecimento estava no Morro do Águia, sob o comando de Raimundo Alves, o “Ravengar”. Com a prisão dele  nos anos 2000, houve a descentralização da venda de entorpecentes, o que possibilitou o surgimento das primeiras “empresas” do ramo na Bahia: as facções Caveira e Comando da Paz. Apesar de hoje extintas, elas impulsionaram o surgimento de outras organizações criminosas, transformando o estado num cenário de guerra. Atualmente, pelo menos 20 delas atuam no território baiano.

“Essa pulverização do comércio, em que as organizações locais se rearranjam com organizações nacionais, tem sido um grande impulsionador nos conflitos na Bahia, bem como no Nordeste todo. O marco histórico recente foi o fim da paz estabelecida entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) a nível nacional, impulsionou a retomada dos conflitos sangrentos nas cidades e o fortalecimento das milícias”, declara o cofundador e coordenador executivo da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Dudu Ribeiro, integrante da rede de Observatórios de Segurança.

Com base nas ocorrências nas regiões, depoimentos de moradores e a gentes da força da segurança, o CORREIO mapeou a área de atuação de facções em alguns municípios. São 20 organizações criminosas espalhadas em 19 cidades. A maioria está em Salvador. São elas: Bonde do Maluco (BDM), Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP), Katiara, Ordem e Progresso (OP), A Tropa e o Bonde do Ajeita. Estas atuam no mercado varejista e, por isso, protagonizam os conflitos armados e têm ramificações em outras cidades, com exceção do Bonde do Ajeita, até então. Já o Primeiro Comando da Capital (PCC) atua restritamente nas unidades prisionais (leia abaixo).

Criado em 2015, o BDM ainda é maioria: está presente em 13 cidades, três delas com aliança com a carioca TCP (Salvador, Santo Amaro da Purificação e Jacobina). A tropa e o PCC estão em cinco municípios. Já o arquirrival do BDM, o CV atua em quatro cidades, enquanto a OP e Katiara em três. Já o Primeiro Comando de Eunápolis (PCE) é maioria em dois municípios, assim como a Raio A e Raio B. As demais da lista são: Tropa do KLV, MK4, DMP, Mercado do Povo Atitude (MPA), Campinho (CP), Bonde do Neguinho (BDN), Bonde do SAJ, Honda e a Família do Norte.

De acordo com o Altas da Violência, lançado no último dia 18, Salvador encabeça a lista das capitais com maior índice de homicídios no Brasil em 2022. Com uma população de 2.417.678 de pessoas, a cidade teve 1.568 assassinatos registrados e 37 ocultos. A taxa de morte a cada 100 mil habitante é de 66,4, a mais alta entre as capitais do país.

Ainda, dentre os 20 municípios mais violentos, onze estão na Bahia – Salvador (9º no ranking), Feira de Santana (10º), Luís Eduardo Magalhães (16º) e Teixeira de Freitas (19º). 

As facções em algumas cidades

Salvador:

Bode do Maluco (BDM), Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP)

Katiara, Bonde do Ajeita, Ordem e Progresso (OP), A Tropa, Primeiro Comando da Capital (PCC)

Itabuna:

DMP, Raio A, Raio B, Primeiro Comando da Capital (PCC)

Teixeira de Freitas:

Primeiro Comando da Capital (PCC), Eunápolis:

Primeiro Comando da Capital (PCC), Primeiro Comando de Eunápolis PCE

Porto Seguro:

Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), Mercado do Povo Atitude (MPA), Campinho (CP)

Vitória da Conquista:

Bonde do Neguinho (BDN)

Santo Antônio de Jesus:

Bonde do Maluco (BDM), Bonde do SAJ, Bonde do Maluco (BDM)

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