A ocupação do plenário da Câmara dos Deputados pelos bolsonaristas, só resolvida após o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) intervir, expôs publicamente o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB). Parlamentares avaliam que sua liderança saiu fragilizada e põe em risco a condução dos trabalhos e os planos de reeleição para o cargo em 2027.
Aliados admitem que Motta chegou muito perto de perder a governabilidade da Casa, ao quase não conseguir ocupar a cadeira da presidência da Câmara.
Ele ameaçou suspender o mandato de quem não o deixasse presidir e marcou a sessão para as 20h30. Mas só saiu para o plenário depois das 22h, passou seis minutos para conseguir sentar e desistiu no meio do caminho, diante da resistência de Marcel van Hattem (Novo-RS) a se levantar. Só tomou assento quando empurrado pelos colegas..
Interlocutores de Motta ponderam que não faria sentido ele bater boca publicamente com parte da Câmara e que o objetivo foi cumprido, com a retomada da cadeira de presidente e a abertura dos trabalhos.
O presidente da Câmara marcou sessão para esta quinta, com o objetivo de retomar os trabalhos. A tentativa é de mostrar força e evitar que uma medida provisória que agiliza a fiscalização em benefícios previdenciários caia na próxima semana por falta de votação.
O episódio, no entanto, fragilizou ainda mais a imagem de Motta, que já era contestado internamente por acordos não cumpridos, como a promessa de que o PT teria a relatoria do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 e a votação de surpresa do projeto que derrubava o decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ambas arranharam a relação com o governo Lula (PT).
Havia também contestações à dificuldade dele de manobrar as divergências entre esquerda e direita, que o apoiaram na eleição. Motta, segundo seus aliados, tem perfil mais conciliador do que Lira. Busca evitar embates, dialogar mais e conciliar os interesses da maioria, o que o torna alvo de críticas de ambos os lados.
Aliados também apontam uma fraqueza em relação à gestão anterior: a falta de recursos das emendas parlamentares para que ele possa administrar o plenário.
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