Vivemos em um país onde os mais pobres pagam proporcionalmente mais impostos que os mais ricos. Essa é uma realidade dura, mas que precisa ser encarada com coragem. O Brasil tem uma das maiores desigualdades sociais do mundo, e parte disso se deve a um sistema tributário que é injusto, ineficiente e que protege os muito ricos em detrimento da maioria da população. É por isso que sou, sem hesitação, favorável à taxação dos super-ricos.
Quando se fala em "taxar grandes fortunas", fundos exclusivos, offshores ou lucros e dividendos, há sempre quem grite que isso "afugenta investidores", "inibe o crescimento", ou que é uma medida "ideológica". Na verdade, o que se quer é corrigir uma distorção histórica que privilegia os que já têm muito e penaliza os que lutam diariamente para sobreviver.
Não é razoável que um trabalhador assalariado pague Imposto de Renda todos os meses, enquanto quem lucra milhões com dividendos fique isento. Não é justo que quem compra arroz e feijão pague impostos embutidos, enquanto bilionários mantêm fortunas no exterior quase sem qualquer tributação. Isso não é eficiência. Isso é desigualdade institucionalizada.
Nos últimos anos, o governo federal começou a tomar medidas importantes para enfrentar essa injustiça. A taxação dos fundos exclusivos e das offshores é um passo necessário e corajoso. Também defendo a volta da tributação sobre lucros e dividendos e, mais ainda, a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, que está previsto na Constituição desde 1988 e nunca saiu do papel.
Não se trata de "perseguir os ricos", como alguns tentam fazer parecer. Trata-se de equilibrar a balança, tornar o sistema mais justo, permitir que o Estado tenha recursos para investir em saúde, educação, transporte e segurança. E, acima de tudo, de garantir que quem tem mais, contribua mais — como já acontece em vários países desenvolvidos e democráticos.
A taxação dos super-ricos é, portanto, uma questão de justiça, de responsabilidade social e de compromisso com o futuro do Brasil. Não podemos continuar reproduzindo um modelo onde poucos concentram quase tudo, enquanto muitos vivem com quase nada.
O Brasil precisa avançar. E não há avanço possível com tanta desigualdade.
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