domingo, 18 de setembro de 2022

Entre otimismo e cautela, equipe de Lula tenta conter clima de 'já ganhou'

Imagem: Ricardo Stuckert

Com Informações do UOL. 

Por enquanto, Lula tem jogado um pouco dos dois lados —fala que quer ganhar no primeiro turno, mas lembra que isso seria inédito para o PT; diz querer votos de todos, mas nega praticar voto útil. Mas a campanha quer seguir um caminho só. O fantasma do derrotismo. Desde o lançamento da pré-candidatura, no início de junho, a campanha petista tem assumido um tom otimista. Com Lula liderando as pesquisas durante todo o ano, a equipe não só tem trabalhado forte para uma vitória já em 2 de outubro, como faz questão de deixar isso claro. Não são poucas as referências de vitória em primeiro turno nos discursos de todos os apoiadores e do próprio ex-presidente. 

A postura assertiva tem seus motivos: dentro do PT, há um fantasma da campanha de 2018, quando Lula foi preso e tirado da disputa, e o ex-ministro Fernando Haddad (PT) acabou derrotado por Bolsonaro. O partido avalia que, depois de uma série de acontecimentos desfavoráveis (impeachment de Dilma Rousseff, grande derrota nas eleições municipais de 2016 e prisão do ex-presidente), o PT fez uma campanha cabisbaixa, com exceção do movimento "Vira voto" no segundo turno, enquanto Bolsonaro tinha postura altiva ("Melhor Jair se acostumando"). Neste ano, o tom que o PT buscou —e conseguiu— é diferente. A campanha e seus eleitores estão confiantes, os eventos têm tom otimista e a vitóriana primeira etapa segue no horizonte.

Membros da campanha dizem que em todas as pesquisas qualitativas e quantitativas que eles fazem há dois números que não caem, embora as intenções de voto de Bolsonaro tenham crescido: Na última semana, tanto o Ipec (ex-Ibope) quanto o Datafolha voltaram a dar um fôlego, com ampla vantagem de Lula, mas indicam que a ida para o segundo turno tem se mostrado cada vez mais provável. Até julho, eles indicavam que Lula levaria no começo de outubro.

Se os números são favoráveis e o clima, otimista, há uma parcela dentro da campanha que pede um pé atrás. O cálculo para o grupo é que, mesmo que Lula apresente a vantagem que eles esperam, ir para um segundo turno quando o partido falava em vitória imediata pode parecer uma vitória de Bolsonaro e estimular, consequentemente, um movimento de reação bolsonarista.

No entanto, o PT nunca ganhou um pleito no primeiro turno —algo só conquistado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994 e 1998. O ex-presidente também diz respeitar os outros candidatos e promete não praticar a política de voto útil contra Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) —ao mesmo tempo que dá algumas cutucadas nos adversários.

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